Mitos e verdades sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA): desfazendo equívocos
- Freddy Leitao
- 6 de nov.
- 3 min de leitura

Resumo: Aprenda a construir o diálogo necessário para desmistificar questões importantes em torno do TEA.
Quando uma criança é diagnostica com autismo, a mãe costuma ser inundada por conselhos bem-intencionados, mas carregados de desinformação. "É fase", "vai passar", "dê mais limites".
Nesse contexto, milhares de famílias navegam um mar de mitos que dificultam a compreensão e o acolhimento adequado de suas crianças. Este artigo nasce da necessidade de substituir esses equívocos por informação qualificada, oferecendo um farol baseado em evidências científicas e na realidade vivida por pessoas no espectro.
1. “Autismo tem cura”.
MITO
Especialistas são categóricos ao afirmar: o TEA é uma condição neurobiológica inerente à estrutura cerebral, não uma doença. Não se busca cura, mas sim compreensão, adaptação e intervenções que promovam qualidade de vida. A neurodiversidade nos ensina que diferentes formas de existir merecem respeito, não "conserto".
2. “Pessoas autistas não sentem ou demonstram afeto”.
MITO PERIGOSO
Este é um dos equívocos mais dolorosos. Pessoas no espectro amam, se apegam e criam vínculos profundos. Sua expressão afetiva pode seguir linguagens diferentes, seja um abraço avassalador ou apenas um olhar compartilhado durante uma atividade preferida. Seja qual for o caso, esse é gesto vale por mil palavras.
3. “Vacinas ou criação causam autismo”.
MITO CIENTIFICAMENTE REFUTADO
Estudos genômicos e neurológicos consolidados demonstram que o TEA possui forte base genética. A associação com vacinas foi completamente descreditada por pesquisas rigorosas. Seguir propagando esta ideia é alimentar culpas injustas e desviar o foco do que realmente importa: o apoio adequado.
4. “Todo autista é gênio em alguma área”.
MITO ROMANTIZADO
Apenas cerca de 10% das pessoas no espectro apresentam habilidades savantistas (talentos excepcionais). A grande maioria convive com um perfil irregular de desenvolvimento, marcado por talentos notáveis em algumas áreas e significativas dificuldades em outras. Supervalorizar genialidades invisibiliza necessidades reais.
5. “Autistas não olham nos olhos”.
VERDADE COM CONTEXTO
Muitos realmente experienciam o contato visual como fisicamente desconfortável ou até doloroso. Isto não reflete desinteresse, mas sim uma diferença no processamento sensorial. Respeitar esta particularidade é fundamental para uma comunicação genuína.
6. “É possível diagnosticar TEA apenas observando”.
MITO ARRISCADO
O diagnóstico é clínico, multidimensional e demanda avaliação de equipe especializada (neurologista, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo). Sinais como alterações na comunicação, interesses restritos e dificuldades de interação social devem ser persistentes e aparecer precocemente.
7. “Intervenção precoce transforma o desenvolvimento”.
VERDADE CIENTIFICAMENTE COMPROVADA
Terapias baseadas em evidências, como Análise do Comportamento Aplicada (ABA), terapia ocupacional e fonoaudiologia, desde que iniciadas nos primeiros anos de vida podem promover ganhos extraordinários em comunicação, regulação emocional e autonomia.
8. “Autistas não querem amigos”.
MITO QUE ISOLA
A dificuldade está no como, não no querer. Muitos desejam profundamente conexões genuínas, mas encontram barreiras na interpretação de nuances sociais, iniciando conversas ou compreendendo ironias. O convite deve vir com paciência e aceitação.
Por que esta conversa importa?
Cada mito derrubado é um passo para:
Reduzir o estigma que cerca as famílias.
Direcionar para intervenções efetivas baseadas em evidências.
Construir ambientes verdadeiramente inclusivos que celebram neurodiversidade.
Conclusão: da desinformação ao acolhimento.
Compreender o TEA é substituir julgamentos por curiosidade, medo por empatia, e isolamento por comunidade. A todas as famílias nesta jornada: vocês merecem informações precisas e apoio qualificado. O autismo não é uma tragédia a ser superada, mas uma forma diversa de experimentar o mundo que merece respeito e adaptação.
Compartilhe conhecimento, não mitos.
Este conteúdo foi elaborado com base nas diretrizes da Associação Americana de Psiquiatria e em evidências científicas atuais. Para orientações individualizadas, consulte sempre profissionais especializados.




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